trago-o na vibração inquieta da matéria sem vontade
finjo não ouvir o trabalhar 
de operários de amor
o badalar crescente 
navio de espelhos que pulsa em ombros lançado 

devo ignorar a luz que abandona os sinos ao entardecer 
imperturbáveis, e a mim não,
vem assistir a este pulsar
vaidosa ao espelho 
entre sinapse e quase ar

devo ignorar noites de cidades gravadas nos pulsos 
ser navio que cavalga
e ter milhares de portos para descarregar o mundo
cantar mais alto que a matéria sem vontade
soprar devagar onde escureça
e deixar que a luz oscile em cada olhar cruzado
sem o querer descruzar
devo ser feliz à desgarrada 
operário de um só pulsar
e não denunciar os sinos