Cresce um vento na estrada
em dia de trânsito
em dia de trânsito
que vai convencendo em brisa um olhar
trocando direcção por escala mínima
deitamo-nos com esse vento fino devagar
lembrando as árvores e a vergonha da cadência exata
com que as fizeram nascer
adormecemos em ramos lentos
abandonando o galope das grandes carruagens
(e talvez sejam só dois
tu e a morte na carruagem
que a eternidade não se prende com detalhes tão pequenos
ou períodos de dor revisitados)
acenar ao trânsito do grande galope
é tão válido como a rota não parar
depois de flores terem sido excessivamente abertas
um pedaço de natureza milenar
cresce-nos à solta no cérebro
sem cavalo, a soma do convite ao universo
e do silêncio na resposta
ou em cio de luz
um olhar de rapina teu e
e de todos os bichos em simultâneo a uma estrela
até que ela se desvie